segunda-feira, 3 de março de 2014

Teatro

Foto de capa

5ª CONTA: NIKETCHE | Grupo de Teatro Luarte

 

Esta foi a melhor forma que o grupo Luarte encontrou para homenagear a escritora moçambicana Paulina Chiziane que, além de ser uma das vozes mais sonantes na nossa literatura, “é uma figura carismática e transmissora da mesma às novas gerações: uma história de poligamia (2003), fala das mulheres de sua origem, em determinado contexto de um espaço híbrido - Moçambique. Não é um romance feminista, mas aborda questões feministas. Niketche inscreve-se numa linha de narrativa feminina africana de crítica à poligamia.
Direcção e Adaptação de Eliot Alex / Interprétes: Arlete Bombi, Alice Chirindza,
Moyasse Sambo, Julieta Mendonça, Deize Manjate / Luz: Caldino Alberto /
Sonoplastia: Eliot Alex / Produção: Luarte

Música

                     Eco dos Clássicos  da Marrabenta






Por ocasião da passagem dos dez anos da morte do artista Alexandre Langa e com vista a perpetuar a sua obra musical, a Conga Musica com a Produção de Izidine Faquira gravou um CD nos dias 11 e 12 de Dezembro de 2013 em homenagem ao artista, com a participação de diversos musicos nacionais. Assim, o disco será apresentado ao público no dia 06 de Março do presente ano no Centro Cultural Universitário pelas 20h.








Alexandre Langa nasceu na província de Gaza, distrito de Chibuto, concretamente na localidade de Indhaveni, no dia 26 d...e Fevereiro de 1943. Passou a maior parte da sua infância nesta localidade, resultante daí a influência da música chopi. Também na fase de iniciação, teve acesso ao gramafone, através do qual escutava música sul-africana.

Alexandre Langa é provavelmente, o músico moçambicano com mais canções gravadas. São gravações feitas ao longo de uma carreira de se invejar, mas que infelizmente não melhorou a sua condição financeira.

Diga se que as obras de Alexandre Langa contribuíram para a afirmação da cultura musical de Moçambique. A situação de Alexandre Langa é a mesma que a de muitos artistas musicais moçambicanos, em particular dos que surgiram antes da independência nacional. Nunca passaram bons momentos, embora tenham mensagens de luta contra a burguesia e outras formas de opressão. A mesma elite que, depois desses tempos, não defende, em termos práticos, os artistas que lutaram pela mesma causa.

A geração de Alexandre Langa cantou a revolução de forma de voluntária. Criou um ambiente musical genuinamente moçambicano, uma vez que o colonialismo havia feito um grande investimento no sentido de afastar o povo de Moçambique da sua própria cultura.

Esta geração que cantou a revolução e defendeu, quiçá emocionalmente, certas correntes políticas, é a que foi ignorada pelos decisores que não tiveram a cultura de um bom concerto, nomeadamente a importância das artes na sociedade.

Alexandre Langa não é o único artista empobrecido. Nem é o último da espécie…

Alexandre Langa é o cantor das coisas do povo. Por via da sua música, procurou sempre fazer a síntese do nosso quotidiano. Cantou todos os momentos da nossa história; o nosso sofrimento e as nossas glórias.

Diga que a música de Alexandre Langa foi feita de pedaços da vida de cada um dos moçambicanos.

In Marrabentar

Foto de capa

Fotografia


Exposição | FANTASMAS & RUÍDOS



A exposição "Fantasmas e Ruidos" é resultado de trabalho realizado no workshop com artistas que se expressam nas disciplinas de Artes Visuais, Dança e Literatura. São eles: Rosa Mário, Macário Tomé, Nuno Fulane, Luc Andrié, Eugénio Maússe, David Mbonzo, Leonardo Banze, Milton Tembe e Rafael Mouzinho. Conta com o apoio da Fundação Suíça Para a Cultura - Prohelvetia e com a colaboração da Escola Nacional de Artes Visuais - ENAV, o Centro Cultural Franco Moçambicano - CCFM, o Museu Nacional de Arte - MUSART e o Movimento de Arte Contemporânea de Moçambique - Muvart. A inauguração da exposição esta marcada para o dia 11 de fevereiro de 2014 as 18:30h no Centro Cultural Franco-Moçambicano e estará aberta ao público de Segunda a Sábado das 10h as 20h até o dia 28 de fevereiro.

Os artistas trabalharam juntos durante 16 dias. Tiveram como ponto de partida a observação cuidadosa das obras expostas na exposição permanente do Museu Nacional de Arte. Cada artista escolheu uma ou mais obras desta colecção e partilharam com o grupo as razões da sua escolha. O debate sobre as suas escolhas ajudou a definir o contorno da exposição. Cada elemento de cada trabalho tem que ser capaz de dialogar na exposição como um todo. Os artistas apresentam trabalhos com diferentes suportes e linguagens como os mídias, a dança, a instalação, o vídeo, a pintura, o som, a escultura e a escrita.
Olha-se para a exposição como uma forma de produzir, ocupar, aprender e organizar espaços. Quantas maneiras existem de articular esta dimensão? Se leva a cabo esta iniciativa, para que seja possível responder esta pergunta. Pode se descrever esta iniciativa como sendo tentativa de conectar “novas formas colectivas de ocupação do espaço público e novos desenhos institucionais”, o que implica uma relação multidimensional e complexa com a instituição de arte tal como a conhecemos. Porém, ocupar-se num “novo desenho institucional” implica também conceber maneiras em que grupos de artistas podem vincular-se duradoiramente entre si, e vincular-se também cada vez mais com outras formas e manifestações, assim como os não artistas por exemplo com quem se entra em alianças mais ou menos temporais.

Mesmo partindo de experimentações, esta iniciativa tem como ponto de partida ações que intervém em situações especificas para reorganizar seus elementos de maneira inesperada e com resultados, em geral, imprevisíveis.

Os espaços escolhidos são transformados no objecto de conhecimento, chegando ao exercício de reconexão de processos produtivo da arte: Uma função radical da arte que tenta alterar “a função da mesma” e a sua estrutura produtiva. Nesta perspetiva a noção da obra foi substituída por uma vontade de ação colectiva, transformando o artista numa espécie de agente articulador. Entretanto, a arte passou a ser a matéria aglutinante entre indivíduos diferenciados, inaugurando uma estética do vivido, e uma ética do conjunto, uma arte de processos compartilhados e uma obra em comum. Esta exposição reflecte a situação artística social, antropológica , cultural e política.




Exposição coletiva de 11 a 28 de fevereiro
Inauguração: 11 de fevereiro às 18h30

David Mbonzo, Eugénio Maússe, Luc Andrié, Leonardo Banze, Milton Tembe, Macário Tomé, Nuno Aulane, Rafael Mouzinho

 INAUGURAÇÃO: TERÇA 11 DE FEVEREIRO - 18H30

Literatura


Palavras 100 Algemas!!!


O Professor Almiro Lobo no prefácio da obra que agora vos ofereço diz o seguinte: «Um dos grandes desafios da actualidade está em ler no feminino os sinais que... nos habituamos a considerar predominantemente masculinos. […] Ler no feminino é fragmentar uma lógica de apreensão do mundo e a linguagem que a traduz. […] Esforço solidário, exercício de transfiguração, máscara ou apenas uma hermenêutica ao serviço da Literatura»?

P.S.:
Paulina Chiziane, por meio das tuas obras, espero ter conseguido ler as mulheres para melhor amá-las. Cremildo Bahule

Cinema

KEITA! O LEGADO DO GRIOT: A ESTÉTICA DA PALAVRA À SERVIÇO DA IMAGEM



 Joseph Paré

(Universidade de Ouagadougou)

 
As produções literárias e cinematográficas dos africanos têm traços comuns no plano estilístico e temático, embora apresentem distinções do ponto de vista de sua origem.
Na esteira de Batouala, primeiro romance genuinamente africano – pelo qual René Maran recebeu o prêmio Goncourt em 1921 -, as obras literárias apresentaram-se como uma contra-literatura. Tratava-se de propor uma visão da África diferente daquela que aparecia nos romances coloniais, dominados por estereótipos do negro que acabavam por sustentar a propaganda colonial. Tratava-se de ir na contra-mão de um discurso e de uma visão de mundo que infantilizava o negro, atribuindo-lhe o estatuto de um ser inferior. Da mesma maneira, o aparecimento do cinema africano – o primeiro filme, Mouramani, foi realizado por Mamadou Touré em 1955 – inscreve-se na perspectiva da contestação às imagens difundidas pelo cinema colonial. Este foi desde o princípio um cinema iconoclasta que teve por ambição a descolonização das telas e sua africanização. Ainda hoje, os cineastas africanos tem por objetivo produzir obras centradas nas realidades da África pós-colonial, realizando filmes que constituam um meio de apreciação da situação real dos indivíduos.
Para os africanos, a literatura e o cinema tornaram-se armas contra a alienação depois de anos de “domesticação”. Sua estratégia consiste numa indigenização das produções artísticas, de modo a oferecer a imagem daqueles a quem elas se destinam prioritariamente. Assim, tanto do ponto de vista temático quanto estético, estes dois modos de produção artística recorrem à estética negro-africana. Na literatura, isto se traduz por um mergulho na aventura do escrito, do que são testemunhos romances como Les soleils des independences (O sol das independências) de A. Kourouma ou Le boucher de Kouta (O açougueiro de Kouta) do falecido Massa Kaman Diabaté. No cinema, os realizadores produziram obras empregando línguas locais com legendagem para o francês ou outras línguas não-africanas. É o caso dos filmes Mandabi (O mandato, 1968) e Finyè (O Vento, 1982) de Souleymanecissé. Estas convergências permitem supor que se produziu na literatura e no cinema uma reapropriação cujo projeto neguentrópico é manifesto.
O filme de Dani Kouyatê Keita! L’Heritage du griot (Keita! O legado do griot) (1995) inscreve-se nesta movência da estética da reutilização. Nela, não é apenas a língua empregada na realização do filme que está em jogo, mas convém considerar igualmente os códigos estéticos segundo os quais se efetua a narração. Mais do que em outros filmes desse gênero, o de Dani Kouyaté radicaliza a reutilização da estética tradicional: o personagem do griot permite ao realizador tornar complementares as possibilidades narrativas, autenticando ao mesmo tempo a estética da reutilização. Concretamente, abordaremos o filme de Kouyaté concentrando a atenção no que chamamos de dimensão auricular da narração fílmica (CASETTI, 1999, p. 271). Nosso propósito é pôr em relêvo a maneira pela qual a oralidade se apropria da narração, decodificar os códigos narrativos e a arqueologia do discurso que funcionam como modulador. Mesmo que a oralidade não seja mais do que um simples aparato, opera-se uma mediação entre a palavra e a imagem. Esta mediação nos permitirá render conta da eficácia da estética da palavra. 
 
Burkina Fasso | Dany Kouyaté | 1996 | Drama
Língua: Francês | Legendas: Português e francês | IMDB

96 min | 700 MbVer mais